09 setembro, 2007

Acho que tinha vídeos para um blog inteiro.

Noite de karaoke. Vina a dar show :)

Por incrível que possa parecer, eramos gotas de água a chover :p

08 setembro, 2007

Quando parece que já vivemos tudo, a vida surpreende-nos... Estourada a acabar uma actividade Domingo de manhã. Mochila no carro cheio de prendas de agradecimentos. Uma semana numa terra difícil de encontrar no mapa. 90% de pessoas que nunca vi... Última semana de férias.
Inscrevi-me ainda antes do Acanac numa de nunca deixar fugir oportunidades. Nos últimos dias não estava assim tão certa... Mas Domingo acordei com espírito. Lá fui eu estrada fora ter à Sertã. Perdi-me naquilo que parecia o fim do mundo. Terras áridas sem vivalma para me ilustrar o caminho. Descobri que o meu mapa não valia nada. Muito menos as indicações da Michelin. Só mesmo o Garcia me valeu, com o Ferrão a rir ao fundo... Esperavam-me numa atitude de relax. Pareceu-me bem... Almoço apetitoso às 16h da tarde com pãozinho da avó. Carros cheios rumo a Codes onde já havia mil caminheiros a trabalhar. As meninas ainda iam demorar mais de 10h. Dava tempo para limpar, arrumar, organizar, conhecer, reunir, preparar. Acima de tudo preparar psicologicamente. Indescritível o Chefe dos e-mails e do telefonema da véspera para saber se precisava de alguma coisa para a viagem. Pyetra – assim assinava. Personalidade tranquila de quem quer aproveitar a vida.
Jantar já num espírito de família. Alguma apreensão para o dia que se seguia. Cinema ao ar livre. Amei. Um filme que bem mostrava o que é querer-se ser amado sem poder retribuir a tempo inteiro. Da forma como lidássemos com as meninas dependia a sua estabilidade emocional dos próximos dias. Prevíamos encontrar crianças e jovens mal acolhidas pela vida. Já quase todos as conheciam de campos anteriores. Eu não... Como seriam os 4 dias de 24 horas com elas? Estourantes, previa eu... Foi com muito alívio que vi chegar 11 sorrisos. Alguns ainda escondidos pelas caras desconfiadas em corpos de adolescentes. Gente impecável trabalhava com elas. Atitude desportiva, carácter forte e empreendedor. Escolhidas a dedo para um trabalho delicado. Afinal não pareciam meninas que partissem tudo o que aparecesse à frente. Algumas envergonhadas, outras com saudades das caminheiras, outras a perguntar pelos idolatrados caminheiros... Cenário agradável. Jogos quebra-gelo, arrumar coisinhas, almoço e água. Grande aventura para levar as menos aventureiras por trilhos de Portugal. "UM PICO". De facto os picos intimidavam-nas bem mais que os cães.
Desafio superado, água como recompensa. Lanche, regresso, jantar, cinema novamente. Tudo parecia prometer. Eu já estava envolvida, ligada, empenhada em colaborar. Já havia caminheiros em que a falta de sono se notava. O cinema foi momento de relax. Elas gostaram do imaginário. 11 Alices numas férias que queríamos que fossem uma maravilha. Reunião, conversa, caminha. O dia seguinte se assemelhava em estrutura. Com mais jogos, mais canções, mais actividade e a prometida aguinha. Piscina natural do agrado de todos. Novo momento de descontracção para os mais velhos. Descanso valioso era importante gerir bem. Lanche quase ajantarado. Estas crianças alimentam-se como gente grande :) algumas birras, muito mimo. Um pouco receosas com o que se esperava delas à noite, banhinho e vestir bonitas. Ganchinhos no cabelo e saias que as faziam sentir senhorinhas, chegaram ao serão de karaoke. Baile, danças, muitas canções preferidas, muita música, com um júri viciado em pontuação, empataram em primeiro lugar. Vina, Carina, Sandra, Catarina, Inês, Patrícia, Pati, Raquel, Daniela, Nádia e Diana. As grandes vencedoras da noite. Brilho nos olhos e sorrisos quando o público gritava o seu nome.Com muita emoção se deitaram... Complicado adormecer e relaxar quando a alvorada chama vento. Vendaval, eu diria... Passado o alvoroço e o pequeno-almoço, a manhã de imaginação se alimentou. Cada uma com seu caminheiro para fazer um fato. Exigentes mas colaboradoras, lá se encantaram com tecidos, pormenores, sapatinhos e chapéus que lhes fizemos. A técnica da parelha caminheiro/a – menina parece resultar sempre bem. Com os docinhos da tarde terminavam os preparativos para o Banquete Real. "Fizemos concorrência ao Penedo Furado", dizia-se na reunião. Concordo. Actividade, carinho, atenção, emoção preencheu o dia das meninas sem ser necessário molhá-las mais que com o chuveiro.Aproximava-se a grande hora. O banquete da rainha estava posto em sistema de self-service que um pouco as baralhou. Mas a vontade de comer destas meninas superou dificuldades e aprenderam a beber a sopinha sem complicações. Sobremesas deleitaram-nas mas o melhor estava para vir... As luzes anunciavam o início do desfile. Hora de exibirem os trabalhosos fatos com passos de princesas que bem pareciam ser. Um pouco nervosas, mais uma vez os gritinhos "És linda" as encantavam. Até as mais grandinhas estavam no espírito. Voltaram aos anos de criança em que deviam estar demasiado ocupadas com adversidades para poderem brincar à Alice no País das Maravilhas. Lá terminou a grande noite encantada. Lavar dentinhos e caminha. Já foi mais fácil adormecer. Os caminheiros ainda tiveram sessão de fotos e mais uma reunião para limar arestas. Tudo parecia correr bem, no geral. Havia sempre quem dormisse à porta das tendas das meninas, mas desta vez foram mais. Queriam aproveitar. Mesmo adormecendo cansaditas, acordavam antes da hora, entusiasmadas com o que estaria para vir. Pequeno-almoço de hotel para quem se encontra no campo. Nada podia faltar às princesas e nada faltou. A manhã de despedida levou muitos balões, música, chefes a dançar em cima da coluna. Elas vibravam, dançavam e deliravam com as flores, cães, chapéus, espadas de cor que lhes iam oferecendo. Mesmo interessante, foi ver o que um almoço em que se combina um menu de esparguete com uma sobremesa de chocolate pode significar com elas. O molho veio estampado nas camisolas, a mousse era até ao nariz. Brincadeiras que ninguém repreendeu. Desde que estivessem felizes, nós também estávamos. Antes da hora de partir ainda se distribuíram lembranças para todas. Bolas, rádios que precisavam de aparafusar, canetas esquecidas, chapéus, bolsinhas de todas as cores e os tão sagrados diplomas as deliciaram.A carrinha ainda não chegava... Puxávamos pela imaginação para as fazer dançar e cantar. O cansaço já as fazia sentar quando se ouvia chegar as responsáveis do patronato. Fotografias, muitos beijinhos, mais abraços, autógrafos, apresentação dos caminheiros que ainda seriam tema de conversa durante muitos dias e lá seguiram 11 sorrisos a ver-nos dançar na estrada, acenando num gesto de "Até para o Ano" (que para muitos destes caminheiros se transforma num "Até ao Natal" ou "Até a um próximo fim de semana").A animação seguiu em jeito de descanso e de agradecimento mútuo de partilha de tanto sucesso ao proporcionar felicidade. Dançámos, nadámos, cantámos muito em jeito de musical entre aventuras todo-o-terreno. A noite foi de alegria em reunião, avaliação geral, terminando em jogos de sultão. O silêncio veio tarde, pois o dia seguinte envolveria apenas a responsabilidade de deixar tudo limpinho e fazer os transportes sem partir nada. Sentimento de dever cumprido nos une. Uma vontade de Servir nos liga a muitos outros caminheiros. A todos os que puder, passarei o testemunho da magia que se vive na Região de Portalegre - Castelo Branco.
"Tenho pena de não poder ficar mais tempo com vocês" - frase da Diana, a menina de 15 anos mais céptica que nos chegou.
A melhor forma de sermos felizes, é sem dúvida contribuir para a felicidade dos outros.